As alergias alimentares em crianças são uma preocupação crescente, especialmente diante do aumento de casos registrados nos últimos anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Coceiras, inchaço, vômitos, dificuldade para respirar… Estes são apenas alguns dos sinais que podem surgir minutos ou horas após a ingestão de determinados alimentos. Identificar esses sintomas o quanto antes é fundamental para evitar complicações graves.
A reação exagerada do organismo a certos alimentos muitas vezes está ligada à presença da imunoglobulina E (IgE) em sua forma ativa, um anticorpo responsável por proteger o corpo. A IgE desencadeia a liberação de substâncias que, ao tentar combater “inimigos” percebidos, acabam provocando os sintomas alérgicos. Nas reações mediadas pela IgE, os sintomas surgem logo após a ingestão do alimento. Já nas alergias alimentares não mediadas pela IgE, que são desencadeadas por células sem a participação de anticorpos, os sintomas podem demorar horas ou até dias para se manifestar.
Vale lembrar que determinadas alergias alimentares, por se manifestarem rapidamente e com maior intensidade, podem causar choque anafilático, uma reação alérgica grave e potencialmente fatal. Ela exige intervenção imediata, com medidas como aplicação de adrenalina autoinjetável, preferencialmente em ambiente hospitalar, além de introdução de antialérgicos ou outras medicações, conforme necessário.
Sinais preocupantes de alergia alimentar em crianças
É importante buscar o pronto-socorro caso a criança apresente os seguintes sintomas:
- Coceira e vermelhidão na pele
- Erupção cutânea (urticária)
- Inchaço na boca, língua e olhos
- Dificuldade para respirar ou chiado ao respirar
- Vômitos
- Diarreia
- Sangue nas fezes
- Sensação de oclusão na garganta
- Dores no abdômen
- Sensação de desmaio
Como confirmar definitivamente uma alergia alimentar?
Vale destacar que uma reação negativa no primeiro contato com um alimento não significa necessariamente que a criança terá problemas para sempre. Em alguns casos, pode ocorrer uma “falsa alergia”, geralmente fruto de diagnósticos precipitados pelos pais. Se a reação for leve, o ideal é esperar cerca de uma semana, oferecer o alimento novamente e observar como o organismo reage. No entanto, muitos pais se assustam e evitam repetir a experiência.
Para ter certeza, é preciso buscar uma avaliação médica. O diagnóstico de alergias alimentares varia conforme o tipo. Para algumas, são indicados exames de sangue ou testes na pele. Em outros casos, o “Teste de Provocação Oral” pode ser necessário. Há ainda subtipos de alergias que demandam exames mais específicos, como uma endoscopia, para uma avaliação detalhada.
Fontes: Antonio Carlos Pastorini, pediatra especialista em alergia e imunologia; Departamento Científico de Alergia da Sociedade Brasileira de Pediatria
