A importância da brincadeira para a vida e o desenvolvimento do seu filho

Brincadeira é coisa séria e contribui para o desenvolvimento físico, lógico e criativo das crianças.

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Acreditamos, acima de tudo, que o brincar é um direito de todas as crianças. Pular, correr, imaginar, criar e estar em constante movimento, tanto mental quanto corporal, contribui para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo de cada criança.

“Toda e qualquer brincadeira é benéfica para o desenvolvimento da criança. É um equívoco pensar que as brincadeiras possam ter conduções para melhorar um ou outro domínio do desenvolvimento humano”, explica Mônica Caldas, professora doutora da Faculdade de Educação da USP, especialista em Cultura Corporal.

Por exemplo, pular corda não é responsável somente pelo desenvolvimento motor, já que é uma atividade física. Essa brincadeira também desenvolve as noções de espaço e tempo, afinal, a criança precisa calcular o momento exato de pular. Além disso, também desenvolve a capacidade de respeitar regras, já que se ela tirar os pés do chão fora de hora, vai errar o movimento.

Brincar também é muito importante para desenvolver uma série de questões nas crianças, como integração, parceria, noção do corpo e do espaço, o raciocínio lógico e a criatividade. É na brincadeira que são testados o aprendizado de normas, as regras de convivência e que acontece a interação de pais e filhos de uma forma lúdica só possível na infância.

Por isso, nada melhor do que incentivar esse tipo de atividade, longe do tablet e do celular. Segundo a pedagoga e coordenadora da pós-graduação em Educação Inclusiva do IBFE (Instituto Brasileiro de Formação de Educadores), Maibí Mascarenhas, para que as crianças entendam que é preciso saber brincar sem os eletrônicos, os pais devem ser o exemplo, principalmente na primeira infância – que é até os 6 anos.

“Os pais também devem lembrar de reservar todos os dias, principalmente desse período, pelo menos meia hora para brincar somente com os filhos. Quando a família direciona esse tempo, o momento fica com cara de férias, a criança vai sentir esse momento valorizado e isso criar uma estrutura emocional”, conta Maibí.

Brinque com seu filho – e dê o exemplo

Sabe aquela velha história de que as crianças absorvem tudo o que está à volta delas o tempo todo? Pois é, isso também se aplica ao brincar. “O desenvolvimento da criança acontece através do lúdico, ela precisa brincar para crescer. É brincando que ela se satisfaz, realiza seus desejos e explora o mundo à sua volta”, afirma Deborah Moss, neuropsicóloga, mestre em desenvolvimento infantil pela USP.

Por isso, você precisa proporcionar atividades ao seu filho que possam promover e estimular o desenvolvimento de modo geral, levando em conta a linguagem, o afetivo, o social e o motor. Isso tudo sem deixar de se divertir, é claro! Afinal, essa é a parte mais importante para as crianças. Brincar é fundamental!

“A brincadeira desenvolve todas as questões cognitivas, sensoriais, visuais e auditivas que a criança necessita ter nesse primeiro desenvolvimento antes do processo de leitura e escrita”, diz Sheila Leal, especialista em desenvolvimento infantil, psicopedagoga e fonoaudióloga com especialização em dislexia.

Isso quer dizer que, antes de o seu filho sentar em frente a um caderno e começar a ser alfabetizado, ele precisa brincar muito e se divertir ao máximo, para que o desenvolvimento físico, o raciocínio lógico e a criatividade possam dar suporte à educação. Assim, todo o aprendizado se tornará mais leve, fluido e dinâmico.

Criança também precisa brincar sozinha

Os pais devem entender que a brincadeira é importante e deve ser incentivada. Como observadores, eles devem estar presentes. Mas tudo precisa ser um equilíbrio: dê liberdade para o seu filho escolher com o que e como quer brincar. “A criança não deve ser orientada e os pais não podem ser criativos no lugar dela,” diz Priscila. Ficar como juiz, determinando o tempo e a hora das brincadeiras não é nada bom.

Além disso, é inegável que os filhos vivem em uma realidade diferente da nossa. A tecnologia, hoje, existe e não há como negar que ela fará parte da vida das crianças. O que pode ser cortado é o tempo diante da televisão, iPad ou smartphone.

É preciso estimular a independência de seus filhos desde cedo. É importante ensiná-los a importância do brincar sozinho e que eles podem, sim, ser sua melhor companhia. Óbvio que deixá-los explorar sozinhos não significa que vão ficar sem supervisão de um adulto, apenas deve-se oferecer outros estímulos, ajudando eles a desenvolver confiança, autoestima e criatividade.

O brincar sozinho desenvolve estruturas individuais de raciocínio e mostra o jeito que a criança vê o mundo – no caso de jogos simbólicos, como brincar de casinha, médico, ou tudo o que simboliza o real – o que para ela é importante. Algumas outras brincadeiras legais para fazer sozinho são: jogos de carta, tabuleiro e circuitos – como, por exemplo, montar um caminho com bambolê, corda, caixas, petecas, bambolês e etc.

Brincar lá fora!

Como anda a rotina de brincadeiras do seu filho? Se ele fica só dentro de casa, no videogame e tablet, algo não vai bem. Brincar ao ar livre é muito importante para o desenvolvimento infantil. E, vamos combinar, nada mais gostoso do que passar horas sentindo o calor do sol, o vento batendo na cara e o contato com a natureza.

Para Maria Ângela Barbato, pedagoga e coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisa do Brincar, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, estar em ambientes externos é fundamental para a criança desenvolver noções de tempo, espaço e se relacionar melhor com o peso e a força do próprio corpo. “Ela pode correr, pular, coisas que não são possíveis dentro das casas e apartamentos cada vez menores de hoje. Agora no verão é uma ótima época para isso, dá para desenvolver os cinco sentidos com o perfume das flores, o barulho dos pássaros mesmo na cidade grande, os cheiros de um parque ou da rua, a visão da amplitude e o tato”.

Qualquer brincadeira faz bem, sempre. Mas estar ao ar livre traz para as crianças experiências bem diferentes daquelas encontradas em casa. “Eles ficam expostos a uma quantidade muito maior de estímulos importantes para o desenvolvimento neurológico, psicológico e motor. São coisas que eles não conhecem, situações mais imprevisíveis e interessantes”, explica a pediatra Cinara dos Anjos.

Independente do que escolherem fazer, o importante mesmo é estar ao lado do filho, e otimizar esse tempo. Então, vamos entrar juntos nessa brincadeira? Selecionamos algumas para te inspirar:

1. Teatro de fantoches

Histórias ajudam a estimular a imaginação e favorecem o mundo lúdico da criança, o que é superimportante. No teatro de fantoches, a criatividade vai comandar o espetáculo. Os atores podem ser bonecos confeccionados ou até meias customizadas. Os adultos podem começar a contar a história. Depois, as posições se invertem e os filhos inventam seus próprios enredos.

2. Desenho maluco

Separe folhas de papel, canetas coloridas, tintas, pincel e deixe a imaginação tomar conta. Ao final da atividade, vale expor as obras-primas em uma galeria de arte da família. Vocês vão concluir que a casa só tem artistas! “Desenhar com os filhos e abordar coisas relacionadas ao que eles estão vivendo no momento é muito recomendado”, indica Sheila.

Para quem quiser ir além, existe o jogo chamado Desenho Maluco. Nessa brincadeira, cada participante recebe uma folha em branco. O primeiro passo é desenhar uma cabeça no alto da folha. Depois, dobram-se os papéis e as folhas são trocadas entre os participantes. Em seguida, cada participante continua o desenho na folha que recebeu. Repetindo as instruções, as folhas são novamente trocadas. Assim, cada criança desenha uma parte, da cabeça aos pés. No fim, abra os papéis e veja os desenhos que se formaram. Com certeza, vão ficar muito divertidos, com direito a cada participante deixar a sua marca neles.

3. Mãos na massa

Quem não gosta de brincar de massinha? O melhor dela é que pode ser feita em casa. Você só vai precisar de uma xícara de sal, quatro de farinha de trigo, uma xícara e meia de água, três colheres de sopa de óleo e corantes alimentícios das cores que preferir. Depois, é só misturar tudo e, literalmente, colocar as mãos na massa!

4. Imaginação no comando

Sabe aquela caixa de papelão sem uso e jogada na dispensa de casa? Você tem um grande aliado para a diversão em família e nem sabia! Com um pouco de cor, traços e, lógico, criatividade, ela pode ser transformada em avião, carro , casa, e o que mais a imaginação permitir.

O mesmo vale para as revistas e gibis antigos. Essas folhas podem virar aviões de papel ou barcos à vela com simples dobraduras. A largada será dada e, pelos ares ou pelas águas, a família vai fazer suas apostas para os vencedores das corridas e a diversão será garantida!

5. Revirando o baú

Chegou a hora dos pais relembrarem as brincadeiras da época deles. Bolinha de gude, peteca, jogo de varetas, banco imobiliário… Segundo Raquel Luzardo, fonoaudióloga, as crianças têm muito interesse em saber como os pais eram quando criança. Assim, ao mesmo tempo em que os pais têm a oportunidade de ter uma lembrança gostosa da época de infância, os filhos criarão uma conexão muito forte.

6. Telefone sem fio

Para essa brincadeira, todo mundo deve ficar em círculo. O primeiro participante cria uma mensagem e fala no ouvido do próximo. A mensagem vai passando adiante e cada um vai dizendo o que entendeu. A última pessoa será quem vai repetir, em voz alta, o que ouviu. O desafio é descobrir se a mensagem permaneceu a mesma do começo ao fim. Alerta: essa brincadeira pode render várias gargalhadas.

7. Batata quente diferente

Essa brincadeira é proposta por Raquel e a gente amou a ideia. Usaremos o celular, mas de um jeito inusitado. A brincadeira consiste em sentar em roda e programar a opção de foto do celular no timer. Iniciada a contagem regressiva para o clique, o celular servirá de batata quente e passará de mão em mão. Quando o tempo se esgotar, a foto não deixará mentir quais mãos foram as últimas. Depois da brincadeira, vale sentar junto e se divertir com as fotos que ficaram registradas.

8. Quem sou eu?

Para esse jogo, são necessárias habilidades de detetive! Os jogadores devem também estar em roda. Cada um escolhe o nome de um personagem de filme, desenho, artista, ou mesmo alguém do convívio deles, escreve num papel e gruda na testa do participante da direita, sem que ele veja. Cada criança faz perguntas para os outros jogadores sobre o que ela é. Por exemplo: “eu sou uma mulher?”. E os jogadores só podem responder sim ou não. Cada um tem uma chance de tentar adivinhar.

9. Stop!

No Stop!, a família definirá em conjunto categorias de cores, animais, carros, cidades, entre outras. A partir do que foi escolhido, todos escrevem as categorias em um papel. Escolhida uma letra, todos preenchem a folha, de acordo com as categorias, com palavras que comecem com a letra escolhida. Aquele que acabar primeiro grita “Stop!”. O jogo pode acontecer de forma individual, mas pensar junto e dividir a família em equipes é mais divertido.

10. Um, dois, três, ação!

Em pedaços de papel, escreva nome de filmes, atores, ações. Eles devem ser sorteados entre os participantes. Um  representante da equipe deve fazer com que os outros descubram o que ele tirou. Mas o desafio se dá ao passo de que ele não pode falar ou emitir sons, apenas gesticular. A mímica vai entrar em ação! Quem se sairá melhor?

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