É sempre uma preocupação quando um filho fica doente. Apesar de ser algo relativamente comum entre bebês e crianças, o vômito é um assunto sério. Ele é uma “eliminação desconfortável, não voluntária e forçada de alimento líquido”, explica dr. Paulo Telles, pediatra e neonatologista pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
É importante diferenciar os vômitos da regurgitação que os bebês normalmente têm. “Os vômitos normalmente são causados por algum distúrbio, enquanto que a regurgitação pode ser causada simplesmente pelo excesso de mamada, quando ela é mais caprichada, ou na hora de arrotar”, conta o dr. Telles.
O que causa o vômito?
- Em crianças: gastroenterite viral (também é o fator que mais desencadeia diarreias) e intoxicações alimentares
- Em bebês: doença do refluxo gastroesofágico ou por alergia à proteína do leite
Para crianças pequenas, regurgitar durante e entre refeições é normal, mas se o seu filho está regurgitando muitas vezes por dia, ele pode não estar ganhando peso o suficiente. Se você suspeita que ele está passando por isso com frequência ou sente dor durante o processo, consulte um médico. O vômito pode levar à uma esofagite de refluxo, uma condição em que o ácido do estômago irrita o esôfago (o tubo que conecta a boca com o estômago) e requer tratamento médico.
Outra causa grave de vômitos na infância é a estenose hipertrófica de piloro, que faz bebês com menos de dois meses de idade vomitarem com força. Isso é causado por um bloqueio ou estreitamento na abertura entre o estômago e o intestino. Sem o tratamento, o bloqueio pode levar à uma grave desidratação e perda de peso, o que é um estado muito sério de emergência. Se você suspeita que seu filho possui estenose pilórica, entre em contato com seu médico imediatamente, pois o tratamento geralmente envolve cirurgia.
Crianças que começaram a vomitar de repente geralmente têm gastroenterite, uma infeção do estômago e intestino por um vírus ou bactéria. Infecções virais costumam ser mais leves e podem estar associadas à sintomas respiratórios (dor de garganta, congestão nasal ou dor de ouvido) mas infeções bacterianas geralmente são mais severas e podem resultar em diarreias que contêm sangue. (Diarreias que acontecem durante ou depois de viagens para outros países podem ser causadas por bactérias). Além da diarreia, crianças com gastroenterite também podem ter febre. A maioria dos casos não exige um tratamento específico e a criança tende a melhorar depois de alguns dias.
Outras causas de vômito incluem:
- Indisposições durante viagens (uma causa comum em crianças);
- Ingestão de substâncias venenosas;
- Alergia alimentar
- Lesões na cabeça (indicam uma concussão ou hemorragia cerebral);
- Enxaquecas (comumente em crianças mais velhas);
Qual a gravidade dos vômitos?
“Isso vai depender da quantidade de vômito e número de vezes que a criança vomita. A preocupação principal é desidratar, perder muito líquido e eletrólitos que existem no estômago”, o pediatra explica. Segundo o especialista, uma quantidade pequena não é preocupante, mas é preciso ficar de olho quando há o vômito incoercível, ou seja, quando a pessoa não consegue parar e os remédios não surtem efeito.
Problemas que têm o vômito como sintoma secundário
- Apendicite
- Infecções nos pulmões, ouvidos, trato urinário, estômago e intestino
- Tumor cerebral ou outros problemas no cérebro
- Traumatismo craniano
- Meningite
- Doenças gástricas (como úlceras e gastrite nervosa)
Sinais para se preocupar com o vômito
Se seu filho tem menos de um mês de idade e vomita após toda tentativa de ser alimentado, isso pode ser sinal de estenose pilórica. A presença de bile pode indicar um bloqueio no intestino também é um fator que precisa chamar a sua atenção. Além disso, outros sintomas que devem chamar sua atenção são:
- Apatia
- Letargia
- Lábios secos
- Falta de urina (de 4 a 6 horas para bebês e mais de 6 horas em crianças mais velhas)
- Moleira afundada em crianças com menos de 1 ano (sinal de desidratação)
- Moleira muito para fora (sinal de aumento da pressão intracraniana)
- Irritabilidade excessiva
- Rigidez no pescoço e dificuldade para encostar o queixo no tórax
- Forte sensibilidade à luz
- Vômito com sangue
- Febre com duração de mais de 72 horas
- Inchaço ou edema na barriga
- Dores abdominais intensas
Tratamentos para o vômito
“O tratamento do vômito é feito com medicações específicas, chamadas de antieméticos, que têm o efeito de cortar, cessar os vômitos. Cabe sempre uma conversa com o pediatra para que você tenha prescrição adequada e segura do remédio”. Dr. Paulo Telles alerta ainda que existem medicamentos específicos para cada idade. Por isso, fique de olho.
Além disso, o especialista relembra que as medicações para cortar vômito são tratamentos para o sintoma – e não para a causa. Dependendo do que estiver fazendo seu filho vomitar, será necessário tratar por meio de cirurgia. Sempre consulte o pediatra do seu filho para que ele dê a melhor orientação sobre o que fazer.
Cuidados após seu filho vomitar
Tenha certeza de que seu filho está se bebendo líquidos o suficiente, especialmente se ele está com diarreia. Isso é essencial para prevenir a desidratação e para repor os líquidos, sais e calorias que ele perdeu quando vomitou. Comece a hidratar seu filho mesmo se ele estiver com náuseas. Se ele acabou de vomitar, espere de 30 a 60 minutos antes de dar água e então comece com pequenas quantidades.
Evite dar comida sólida pelas primeiras 24 horas depois que os vômitos começarem. Em vez disso, dê líquidos em doses pequenas e frequentes (a cada cinco minutos) com uma colher ou garrafa. Crianças que estão sendo amamentadas devem continuar recebendo leite materno, mas ela deve ser alimentada com mais frequência que o normal (a cada uma ou duas horas) e em menores doses (5 a 10 minutos de cada vez). A mãe pode também dar o leite por colher, copo ou garrafa. Crianças mais novas que estavam sendo medicadas podem continuar recebendo a dose comum.