Um sintoma clássico de gravidez são os enjoos. Enquanto algumas mulheres passam por essa experiência sem grandes problemas, outras grávidas acabam sofrendo bastante com as náuseas e a vontade de vomitar– que são causadas por um único hormônio, conforme apontou um novo estudo publicado nesta quarta-feira, 13 de janeiro, na revista científica Nature.
Realizado por representantes da Escola de Medicina Keck da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, e Universidade de Cambridge, na Inglaterra, a pesquisa mostra que o que vai determinar a gravidade desses sintomas é quão a mulher foi e está sendo exposta ao hormônio GDF15, responsável por provocar os enjoos na gravidez.
A vontade de vomitar e a sensação de estômago embrulhado podem aparecer entre a 5ª ou 6ª semana de gestação, e geralmente duram até a 12ª semana. Mas, em casos menos comuns, os enjoos podem durar a gravidez toda, devido a uma condição chamada hiperêmese gravídica – que ficou mais conhecida quando mães famosas como Kate Middleton e Tatá Werneck falaram sobre o assunto.
Os pesquisadores puderam observar, com prova genética, que grávidas com hiperêmese registravam níveis muito altos de GDF15 quando comparadas àquelas que não sofriam com os enjoos.
A doença é séria e pede hospitalização: além de causar desnutrição, perda de peso e desidratação, também aumenta as chances de um parto prematuro e pré-eclâmpsia. Pensando nisso, o novo estudo pretende contribuir para que tratamentos para a condição sejam desenvolvidos e protejam a vida de mães e bebês.
Exposição ao hormônio antes da gravidez
Outro ponto importante que contribuiu para a relevância dessa pesquisa é que foi observado que o efeito do GDF15 também depende da sensibilidade e da exposição que a gestante teve ao hormônio antes mesmo de ficar grávida.
Essa constatação pode ser observada a partir de um exemplo apontado pelos cientistas: mulheres no Sri Lanka com uma doença no sangue rara que provoca aumento da produção de GDF15 no sangue foram avaliadas quando estavam gestantes e verificado que raramente elas sentiam náuseas.
Para os autores do estudo, a exposição prolongada ao hormônio específico antes da concepção poderia proteger a mulher durante a gravidez. Dessa forma, cientistas poderiam pensar em tratamentos para a hiperêmese e até em remédios capazes de prevenir a doença.