Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica: o que é, como tratar e a ligação com uso de telas

Com a pandemia, muita coisa mudou, inclusive o consumo de conteúdos a partir de telas. Por isso, é preciso ficar de olho e promover (sempre que possível!) o incentivo aos hábitos saudáveis dentro de casa

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Durante a pandemia, passar mais tempo em frente às telas tem se tornado algo bastante comum. Seja durante as aulas online, ou nos momentos de lazer, é preciso ficar de olho na possibilidade do desenvolvimento de um Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). A partir de um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, em parceria com a Universidade de Toronto, foi visto que crianças com idades entre 9 e 11 anos, que utilizam aparelhos eletrônicos com frequência, possuem uma maior chance de desenvolver TCAP um ano depois.

A cada hora gasta nas redes sociais, por exemplo, a pesquisa apontou que foi associado um risco de 62% maior de desenvolver a doença. Já para as horas assistindo televisão ou filmes, o número é de 39%. Para Jason Nagata, professor assistente de pediatria da Universidade da Califórnia em San Francisco e autor do estudo, isso acontece porque “as crianças podem ser mais propensas a comer em excesso quando distraídas em frente às telas”.

Pensando nisso, conversamos com as nutricionistas Dra. Flávia Montanari, da Liga da Cozinha Afetiva, e também com a Dra. Renata Buzzini, diretora do Cardapioterapia, para tirar as principais dúvidas sobre o assunto e dar dicas de como driblar esse problema.

O que é Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica?

O Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) pode ser caracterizado pelo consumo repetido de quantidades excepcionalmente grande de alimentos, de acordo com Renata Buzzini. “Ou seja, comer compulsivamente acompanhado de um sentimento de perda de controle durante o episódio de compulsão alimentar”.

Além disso, Flávia Montanari comenta que geralmente o ato de comer acontece por um período de tempo curto, sendo uma enorme ingestão dos alimentos em 2 horas, aproximadamente. “A sensação de perda de controle sobre o que ou o quanto se come, é seguido de sentimentos de vergonha e culpa, podendo de manifestar ainda na infância”, completa.

O que as telas têm a ver com o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica?

De acordo com a Unicef, um a cada três usuários de internet no mundo são crianças. Com a pandemia, houve uma popularização ainda maior de consumo, fazendo com que houvesse uma dedicação mais frequente ao uso de telas. A partir disso, Renata explica que pode haver uma maneira secundária de influência, pois a queda do gasto de energia aumenta o desejo por alimentos, fazendo com que a criança coma refeições mais calóricas, ocorrendo o aumento de peso associado também ao estresse e ansiedade.

Flávia acrescenta ainda que as crianças também podem passar a dividir a atenção entre as telas e as refeições. Com isso, elas não conseguem perceber a quantidade que estão comendo, além de impactar na mastigação, absorção de nutrientes, e digestão. “Isso pode ser um fator para o desenvolvimento de transtornos na alimentação“.

A distração pode fazer com que a criança coma mais

Por causa da imersão provocada pelas telas, isso interfere nos sinais fisiológicos de fome e saciedade. Além disso, “pode levar a escolhas alimentares inadequadas com o consumo de alimentos menos saudáveis”, reforça Flávia. Quando isso entra para a rotina, Renata faz um alerta para o início de um ciclo.

“Diante das telas, e criança não quer ‘perder tempo’ do jogo ou do que estiver fazendo e parte para algo prático e rápido para comer”, explica. “Com a recorrência disso, outros fatores vão sendo desencadeados, como o comer bem mais rápido que o normal, comer até se sentir desconfortável e acabar ingerindo grandes quantidades de alimentos, mesmo estando sem fome”, completa Renata.

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